Resenha - A doença de Alzheimer


FALCO, A.; CUKIERMAN, D.S.; HAUSER-DAVIS, R.A.; REY, N.A. A doença de Alzheimer: hipóteses etiológicas e perspectivas de tratamento. In: Quimica Nova, vol. 39, nº1, pp.63-80, 2016, Rio de Janeiro.

    O artigo trabalhado traz as diferentes hipóteses conhecidas de desenvolvimento da Doença de Alzheimer: onde e como diferentes proteínas atuam, influenciadas ou não, por questões genéticas (Síndrome de Down), metais (cobre, mercúrio, alumínio) e hormônios (insulina). De caráter degenerativo, é uma das formas mais comuns de demência cujas características estão atreladas às consequências da perda progressiva das funções do sistema nervoso. A causa dessa perda tem relação com “deposições protéicas anômalas”; as placas senis e os emaranhados neurofibrilares, descoberta de Alois Alzheimer.
    As pesquisas e estudos para essa doença tem se intensificado, vide as estimativas populacionais para o ano de 2030 que indicam 72 milhões de pessoas acometidas pela Doença de Alzheimer.
   O texto desenvolvendo as formas da doença de Alzheimer a partir de diferentes hipóteses. A hipótese colinérgica, da década de 80, tem relação com a função colinérgica nos processos de aprendizagem/ memória e a diminuição na concentração da colina acetiltransferase (ChAT), enzima responsável pela síntese da acetilcolina (ACh), no córtex e no hipocampo, reduzindo neurônios colinérgicos. Como tratamento, ativadores dos receptores colinérgicos e inibidores da AChe (acetilcolinesterase, enzima responsável pela hidrólise da acelticolina no espaço sináptico) tem auxiliado na fixação da memória.
   Outra hipótese, a da cascata amilóide, diz que o peptídeo Aβ e produtos de clivagem da sua proteína precursora, APP (glicoproteína, chamada proteína precursora amiloide) são neurotóxicos podendo levar a formação das placas senis e consequente morte celular. A proteína Tau também se manifesta nessa hipóteses, onde ela encontra-se hiperfosforilada, na DA. Existem estudos indicando que o acúmulo de Aβ pode ativar essa hiperfosforilação.
   A hipótese metálica sugere que íons metálicos endógenos podem contribuir na evolução de doenças neurodegenerativas pela agregação de Aβ e aumento da toxicidade. Esses biometais podem também favorecer ao estresse oxidativo no cérebro levando a danos celulares: “a oxidação do ferro por meio da reação de Fenton gera anormalidades no RNA, que, na DA, é particularmente afetado, causando grande redução na síntese protéica, enquanto o radical hidroxila provoca diversos danos às biomoléculas atacando as bases nitrogenadas e a desoxirribose do DNA, reagindo com as cadeias laterais de aminoácidos e proteínas (...) e também com lipídeos de membrana, convertendo sítios lipídicos específicos em novos centros de formação de radicais livres”. O texto traz ainda a interferência do chumbo, mercúrio e alumínio.
    Uma hipótese que vem ganhando espaço nas pesquisas é a associação da diabetes com a DA, onde, de maneira simplificada, a necessidade cerebral por energia, para suas atividades, seria diminuída pela ineficácia do organismo de um paciente diabético em converter carboidratos em energia: “a resistência à insulina levaria ao acúmulo de Aβ e a toxicidade deste peptídeo determinaria a resistência à insulina no cérebro. Alguns pesquisadores chamam de diabetes tipo 3.
    A etiologia da doença de Alzheimer também contribui para uso de diferentes medicamentos com a função de inibir a degradação de algumas enzimas e assim auxiliando na diminuição dos efeitos cerebrais da doença, é o caso dos inibidores da AChe, na hipótese colinérgica, retardando o agravamento dos sintomas cognitivos, em estágio inicial e intermediário da doença.
    De interessante, vale dizer que no Brasil as pesquisas estão sendo direcionadas para a busca de plantas com atividade anticolinesterásica, para assim diminuir custos de produção e efeitos colaterais, em oposição às drogas sintéticas.
    Por fim, o texto também trata da administração de fármacos para os casos de depressão que podem acometer as pessoas com Alzheimer, em estudos ainda limitados, existe mais uma correlação positiva para o humor e atividades funcionais dos pacientes do que um restabelecimento das funções cognitivas. Também ainda necessitando de mais pesquisas, está a administração de vitaminas, cujo eficácia nos sintomas ainda não é totalmente comprovada, alem do que, o excesso de vitaminas pode complicar outras funções do corpo. De modo a uma conclusão, os autores validam a necessidade de estudos interdisciplinares, entre química, biologia, bioquímica e estudos toxicológicos.

Texto analisado e resenhado por: Jacquelin R. Tellez, Juliana R. de Moraes e Tatiany da Silva. (Grupo 11).


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