Mecanismos de dependência química no tabagismo: revisão da literatura.





Neste artigo, os autores buscam descrever os principais mecanismos bioquímicos da dependência química do tabagismo, que afetam principalmente o sistema nervoso central (SNC).

Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/b02c/8e644da50ce8d3db7b82c593be18b96153a4.pdf



Segundo o artigo intitulado: Mecanismos de dependência química no tabagismo: revisão da literatura, publicado em 2015 pela Revista Médica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), 85% dos fumantes são dependentes químicos do tabaco. Na dependência química, além da bioquímica, estão relacionados fatores genéticos e ambientais. O artigo foi realizado com base na literatura médica e afirma que dependência química é “um padrão mal adaptativo do uso de substâncias que leva a prejuízo ou sofrimento clínico significativo, tendo como características a tolerância, a abstinência e o abandono ou redução de atividades sociais, ocupacionais ou recreativas em razão do uso de substâncias”. Já abstinência “é designada por um conjunto de sintomas que causam desconforto intenso ao indivíduo, após período de ausência da substância”, definem os autores.
No artigo, os autores descrevem que, a dependência no tabagismo é uma das mais complexas, quando o assunto é parar de fumar, pois as bases neurológicas da nicotina são semelhantes a de outras drogas e que principal agente responsável pela dependência no tabagismo é a nicotina. Segundo estudos realizados, A nicotina, ao adentrar o organismo, atravessa os alvéolos pulmonares e chega ao encéfalo através do sangue. Cerca de 25% da nicotina inalada durante o ato de fumar chega à corrente sanguínea, atingindo o encéfalo em 15 segundos. No cérebro, a nicotina interage com receptores colinérgicos nicotínicos (nAchR). Os principais receptores nAch envolvidos na dependência são os constituídos por cadeias polipeptídicas denominadas α4 e β2, que, no entanto, não são os únicos. A ligação da nicotina com esses receptores promove alterações conformacionais, facilitando o influxo de íons – principalmente Na+ e Ca+2. Isso impede que a acetilcolina se ligue a eles, o que ocorreria fisiologicamente. Essa despolarização oriunda da passagem de íons faz com que o impulso nervoso se propague até o sistema de recompensa cerebral. Esse sistema consiste em neurônios dopaminérgicos na área tegmental ventral do mesencéfalo e seus neurônios-alvo em regiões cerebrais mais anteriores, como o núcleo accumbens e outras regiões estriatais ventrais.
No sistema de recompensa cerebral, a despolarização oriunda dos neurônios da área tegmental ventral resulta na liberação principalmente de dopamina. No tabagismo, a dopamina produz um efeito de reforço positivo. Além do estímulo à secreção de neurotransmissores, a nicotina inibe as enzimas monoamino-oxidases A e B (MAO’s A e B), enzimas responsáveis pela degradação de monoaminas, especialmente da dopamina. Assim, ocorre uma extensão dos efeitos dopaminérgicos em razão de sua não degradação. Além da liberação de dopamina e da inibição da MAO, a nicotina causa aumento nas concentrações de noradrenalina e adrenalina circulantes, aumento na liberação de vasopressina, β-endorfina, hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e cortisol.
Por fim, o artigo informa que, fatores genéticos têm influência sobre as várias etapas do vício, desde o início do uso até a propensão de se tornar dependente. Ensaios mostraram que a porcentagem da influência genética sobre a adição varia entre 40 a 80%. Entretanto, estudos mais atuais mencionam que a genética contribui com 56% para iniciação do uso do tabaco e 67% para a manutenção.




Joabe Santos (4). 




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