A heroína e outros derivados do ópio, como a morfina, costumam
provocar os maiores estragos quando um dependente experimenta a chamada
síndrome de abstinência – um conjunto de sintomas que aparece quando a pessoa
interrompe ou diminui o uso da droga. “Isso acontece porque o organismo já
estava acostumado a receber a droga e reage à retirada abrupta”, diz o
psiquiatra Cláudio Jerônimo da Silva, da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp).
No caso da heroína, tudo indica que o mal-estar da abstinência é
mais grave por causa da composição da droga, que age como sedativo no
organismo. Além disso, a substância vicia muito rápido e age profundamente no
sistema nervoso central, causando uma séria depressão após o uso. “Além da
heroína, outras cinco drogas têm crises de abstinência com sintomas físicos
claros: a nicotina, o álcool, o crack, os tranquilizantes benzodiazepínicos,
como Valium, e os barbitúricos, usados como remédios para dormir”, diz o
toxicologista Anthony Wong, da Universidade de São Paulo. Substâncias como a
cocaína e a maconha também causam crises. A diferença é que seus sintomas não
incluem reações físicas diretas, mas problemas como ansiedade, nervosismo e
comportamento violento, por exemplo. Tentativas de largar substâncias podem
causar dores, depressão e até alucinações.
HEROÍNA: A droga vicia em apenas cinco doses e
apresenta as crises de abstinência mais intensas, provavelmente por causa de
sua composição e de seu efeito no sistema nervoso central. Junto com o
mal-estar e a inquietação, a pessoa que para de usar heroína tem aumento de
pressão, dores musculares, insônia e vômitos.
COCAÍNA: A síndrome de abstinência tem três
fases: primeiro vem a “fissura”, a vontade de usar a droga. Depois, a pessoa
passa por um estado de sonolência. Por último, aparecem os sintomas de
depressão, como angústia e irritabilidade. A pessoa pode se tornar dependente a
partir da quarta dose.
CRACK: Também derivada da pasta de coca, a
versão fumável e mais barata da cocaína causa sintomas de abstinência bastante
parecidos com os da sua versão em pó. A principal diferença entre as duas
substâncias é que as pedras de crack viciam ainda mais rápido, arrastando o
dependente para o buraco em apenas duas ou três fumadas.
ÁLCOOL: A dependência vem depois de um consumo
constante por alguns anos, mas a síndrome de abstinência tem efeitos brutais. O
dependente tem tremores, aumento da pressão, fica agitado e perde a clareza
para avaliar as coisas. Nos casos mais graves, podem aparecer alucinações e
delírios.
MACONHA: A síndrome de abstinência é um pouco
mais leve que a das outras drogas, mas também pode incluir sintomas graves, os
principais são ansiedade, perda da capacidade de concentração, insônia e mau
humor. Parte dos médicos acredita que a maconha vicia depois de dois meses de
uso constante.
CIGARRO: Apesar de legalizada, a nicotina (a
droga-base do cigarro) tem um alto poder viciante: a dependência pode ter início
se o usuário fumar dezenas de cigarros em uma semana. Quando tenta parar, a
pessoa sente ansiedade, angústia e inquietação. No trabalho, são comuns as
perdas de concentração e de atenção.
Joabe Santos (4).
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