A estrutura molecular das drogas




Álcool: é uma droga psicotrópica lícita, ou seja, liberada por lei. O processo mais empregado no Brasil para a sua produção é pela fermentação alcoólica da cana-de-açúcar, isto é, a partir de um processo biológico. O álcool contido nas bebidas é o etanol. Estruturalmente, os álcoois são substâncias em que uma cadeia carbônica saturada está ligada ao grupo hidroxila (-OH). No caso específico do etanol, essa cadeia possui dois carbonos, é alifática e sem ramificações. Após a ingestão de etanol, primeiramente aparecem efeitos estimulantes, como euforia, desinibição. Posteriormente, os efeitos depressores surgem. O uso abusivo de álcool pode causar problemas físicos, como desnutrição, diabetes, doenças cardiovasculares, cirrose hepática, pancreatite, gastrite e outros transtornos. Também é capaz de gerar problemas sociais, emocionais e financeiros. O consumo frequente de álcool etílico pode desenvolver tolerância, dependência e causar síndrome de abstinência, o que leva ao vício.

Maconha: é derivada de uma planta chamada Cannabis sativa. O tetraidrocanabinol (THC) é o princípio ativo responsável pelos efeitos da maconha, apesar de sua ação provavelmente envolver outros canabinoides, canabidiol e terpenoides. Na estrutura química do THC encontramos vários grupos funcionais, entre eles: hidrocarbonetos aromáticos, alceno, álcool e éter cíclico. Os éteres são compostos em que dois substituintes alquilas estão ligados a um oxigênio. Já a função orgânica hidrocarboneto é caracterizada por compostos que possuem em sua estrutura somente átomos de carbono e hidrogênio e podem ser classificados de acordo com o tipo de ligação existente entre os átomos de carbono: alcanos (ligações simples); alcenos (ligações duplas); e aromáticos. Os principais efeitos do consumo de maconha consistem em sensações de relaxamento e consciência sensorial aguçada. Além disso, compromete o aprendizado, a memorização e o desempenho motor. A maconha deixa os olhos vermelhos e a boca seca, aumenta os batimentos cardíacos, prejudica o sistema imunológico e aumenta o apetite. Pode causar acessos de paranoia ou ataques de pânico.

Nicotina: é um alcaloide presente na folha de tabaco; além disso é a substância mais ativa no fumo do tabaco. O consumo de cigarros de tabaco é lícito, apesar de causar grandes danos para o usuário. A estrutura da nicotina é composta por aminas. A função amina corresponde a substâncias em que um ou mais átomos de hidrogênio da amônia foram substituídos por grupos alquilas. Essas substâncias podem ser classificadas como primárias, secundárias e terciárias, dependendo da quantos grupos alquilas estão ligados ao nitrogênio. No caso da nicotina, as duas aminas são classificadas como terciárias.
Após o consumo de nicotina, aparecem efeitos estimulantes, aumentam o batimento cardíaco, a pressão arterial, a frequência respiratória e a atividade motora e o apetite se reduz. Entretanto, seu uso prolongado diminui a capacidade física e respiratória, provoca o envelhecimento precoce da pele, causa amarelamento dos dentes e deixa odor forte impregnado nos cabelos, nas roupas e no hálito. A ingestão contínua de nicotina gera tolerância no organismo do fumante, provocando o aumento progressivo do número de cigarros consumidos diariamente.

Ecstasy: é uma droga psicotrópica sintética; originalmente foi produzida para ser utilizada como moderador de apetite. Entretanto, atualmente, é consumida como droga na forma de comprimidos com fins recreativos em festas e raves. Os efeitos procurados pelos usuários do ecstasy são: euforia, bem-estar, aumento de sensibilidade corporal e sexual. Todavia, efeitos colaterais também se manifestam, como: náuseas, aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, e exaustão, boca seca, sudorese e hipertemia, podendo levar à desidratação e até a morte. Além disso, podem surgir transtornos psiquiátricos e lesão cerebral. Estruturalmente, a molécula de ecstasy possui dois grupos funcionais presentes: éter cíclico e amina secundária.

Cocaína e crack: a cocaína é encontrada nas folhas de coca, um arbusto sul-americano da espécie Erythroxylum coca. O tratamento químico das folhas de coca é capaz de extrair um sal, o cloridrato de cocaína. O crack é uma forma diferente de administração da cocaína, ou seja, encontra-se na forma neutra. Na cocaína é possível identificar a presença do íon amônio e dos grupos éster. No crack – forma neutra – identifica-se amina terciária e, do mesmo modo, grupos ésteres. Os ésteres são derivados dos ácidos carboxílicos, têm um grupo alcóxido (-OR) em vez da hidroxila (-OH) presente no ácido carboxílico. Inicialmente, após o consumo o usuário sente bem-estar, o que gera compulsão de utilizar a droga várias vezes e elevar ainda mais a dosagem, a fim de aumentar a intensidade dos efeitos. Doses maiores levam a comportamento agressivo, irritabilidade, tremores e paranoia. Dentre os efeitos físicos, pode-se citar dilatação das pupilas, dor no peito, contrações musculares, convulsões, elevação da pressão arterial, taquicardia e coma. Doses muito altas são capazes de causar parada cardíaca ou respiratória, levando à morte.

LSD: é uma droga sintética, um derivado químico do ácido lisérgico que ocorre no fungo do cereal ergot. O LSD é um dos mais potentes alucinógenos conhecidos – seus efeitos ocorrem em doses baixas. Em relação à estrutura do LSD, pode-se identificar a presença dos grupos funcionais alceno, aminas terciárias e amida. As amidas são derivadas dos ácidos carboxílicos, têm um grupo alcóxido (-NH2), (-NHR) ou (-NR2) em substituição à hidroxila (-OH) presente no ácido carboxílico. Podem ser classificadas como primárias, secundárias ou terciárias, dependendo da quantidade de grupos alquilas que se encontram ligados ao nitrogênio. No caso do LSD, a amida presente é classificada como terciária. Após o consumo de LSD, é observada aceleração do pensamento, além de alucinações visuais, auditivas e táteis. Outros efeitos também são identificados: aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, quadros de paranoia, suores, perda de apetite, falta de sono e tremores. O uso de LSD pode gerar o fenômeno de flashbacks, isto é, semanas ou meses após ingerir a droga o usuário pode repentinamente apresentar todos os sintomas psíquicos da ingestão anterior sem ter tomado de novo a droga.


Joabe Santos (4).

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